A presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, a democrata Nancy Pelosi, anunciou a abertura de um inquérito de impeachment contra o presidente Donald Trump.
Seis comitês que já estavam investigando Trump receberam de Pelosi a instrução de trabalhar "sob o guarda-chuva do inquérito relacionado ao impeachment". Esses comitês apresentarão o resultado de suas apurações, o que pode levar a uma votação no plenário da Câmara.
Cabe à Casa, por maioria simples, dar ou não prosseguimento ao processo.
Segundo o jornal New York Times, dos 435 representantes, 200 já se declararam a favor do impeachment. Os democratas contam com maioria na Câmara: somam 235, contra 199 republicanos e um independente.
Se passar pela Câmara, o processo chegará ao Senado, em um julgamento supervisionado pelo presidente da Suprema Corte, cargo hoje ocupado por John Roberts.
O júri desse julgamento seria composto pelos cem senadores norte-americanos. Dois terços são necessários para tirar Trump do cargo, que seria assumido pelo vice-presidente Mike Pence.
A composição atual do Senado tem 53 republicanos, 45 democratas e 2 independentes (Bernie Sanders e Angus King, mais alinhados aos democratas).
Isso significa que, para Trump ser derrubado, mesmo com os votos de todos os democratas e independentes, seriam necessários ao menos 20 votos de republicanos contra o presidente —que também é republicano.
Qual é a acusação?
Trump é acusado de pressionar o presidente da Ucrânia, Volodomir Zelenski, a investigar Hunter Biden, filho de Joe Biden, um de seus principais adversários. O presidente norte-americano teria retido o envio de US$ 400 milhões (R$ 1,67 bilhão) em financiamento militar como forma de pressão na tentativa de implicar o pré-candidato democrata à Presidência.
O que pode provocar impeachment nos Estados Unidos?
A Constituição do país prevê a possibilidade de impeachment em caso de "traição, suborno ou outros crimes e contravenções". De acordo com a presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, as atitudes de Trump configuram uma "quebra da Constituição".
Algum presidente norte-americano sofreu impeachment?
Nunca um presidente dos Estados Unidos deixou o cargo por meio de um processo de impeachment. Foram abertos processos contra Andrew Johnson, em 1868, e Bill Clinton, em 1998, mas ambos foram absolvidos no Senado. Richard Nixon renunciou em 1974, durante o processo, quando sua condenação era dada como certa.
Perdido? Entenda o que já aconteceu
2015 Joe Biden, então vice-presidente, pressiona a Ucrânia a demitir o procurador-geral Viktor Shokin, responsável por uma investigação sobre acusações de corrupção envolvendo empresa na qual seu filho, Hunter, integrava o conselho de administração.
2016 Shokin é substituído; em 2017, inquérito é arquivado
18.jul Trump suspende envio de um pacote ajuda de US$ 400 milhões à Ucrânia
25.jul Em telefonema, Trump pede ao presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, que reabra o inquérito sobre Hunter Biden
12.ago Denunciante anônimo registra queixa relatando pressão de Trump sobre a Ucrânia
11.set Casa Branca libera o envio de ajuda à Ucrânia
24.set Câmara abre o processo de impeachment
25.set Casa Branca divulga a transcrição da chamada. Trump se reúne com Zelenski; Ucraniano afirma que não se sentiu pressionado
3.out Trump diz que China deveria investigar os Bidens. O ex-enviado dos EUAàUcrânia, Kurt Volker, apresentaadeputados mensagens trocadas com o embaixador dos EUA na União Europeia, Gordon Sondland, que mostram que Trump condicionou receber Zelenski na Casa Branca à reabertura do inquérito
6.out Escritório que defende denunciante anônimo anuncia que representa ‘múltiplos delatores’
Próximos Passos Sondland eaex-embaixadora dos EUA na Ucrânia, Marie Yovanovitch (criticada por Trump no telefonema), depõem à Câmara. Depoimentos de outros diplomatas também são esperados
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